Em 2025, a tecnologia continuará sendo mais do que suporte: será um dos pilares mais importantes no crescimento dos negócios. Mas como construir um planejamento estratégico de TI que responda aos desafios e oportunidades reais da sua empresa com tantas possibilidades de investimento?
Se você tem dúvida sobre como fazer isso, neste artigo, você confere o que define um bom planejamento estratégico de TI, suas etapas, desafios e perguntas essenciais a serem respondidas antes de criá-lo. Acompanhe.
O que faz um bom planejamento estratégico de TI (PETI)?
O planejamento estratégico de TI é a estruturação de um plano que integra as metas da TI com os objetivos da empresa, transformando a tecnologia em um pilar estratégico.
Em geral, ele dá origem a uma documentação chamada PETI, que guiará todas as ações da empresa voltadas para o setor no decorrer do ano e deve levar em consideração os insights e pontos de melhorias dos períodos anteriores.
Para isso, um bom planejamento deve definir os objetivos, metas, direcionamentos e organização dos recursos tecnológicos, com foco em atender às reais necessidades da empresa e alcançar seus objetivos. Além disso, deve incluir informações que vão desde a gestão de TI, o pessoal envolvido, a infraestrutura necessária e os recursos utilizados nos processos.
Por fim, esse plano deve integrar uma estratégia mais ampla, que pode se dividir em 3 etapas de planjeamento:
- Estratégico: focado no longo prazo e abrange toda a organização;
- Tático: desdobramento do planejamento estratégico, voltado para as áreas específicas da organização (como a TI), com metas de médio prazo;
- Operacional: são planos diários, com metas e objetivos específicos para serem realizados rotineiramente.
Por que é tão importante definir um PETI?
A tecnologia, hoje, é o coração das empresas, e impulsiona a competitividade do negócio a longo prazo. No entanto, a realidade das empresas brasileiras ainda revela um gap significativo: a média de investimento em TI é de apenas 9,4% da receita, um valor consideravelmente abaixo do potencial da área.
Com recursos limitados, as empresas brasileiras enfrentam desafios para manter uma TI verdadeiramente estratégica. A falta de investimentos impacta diretamente áreas cruciais como segurança cibernética, infraestrutura em nuvem e análise de dados, o que compromete a capacidade de responder às demandas do mercado.
Nesse contexto, um planejamento estratégico de TI bem estruturado se torna ainda mais essencial. Ele permite que as empresas:
- Priorizem iniciativas de alto valor, alinhadas aos objetivos do negócio, o que evita desperdícios;
- Automatizem processos, reduzam custos e otimizem recursos para focar em atividades de alto impacto;
- Adotem novas tecnologias e soluções para criar novos produtos e serviços, aproveitando as oportunidades do mercado;
- Utilizem dados e análises para decisões mais assertivas e eficazes;
- Priorizem a segurança digital e a conformidade regulatória para proteger dados e garantir a continuidade dos negócios.
Componentes essenciais do Planejamento Estratégico de Tecnologia
Para um planejamento estratégico de TI eficiente, é essencial focar em componentes que conectem a tecnologia diretamente aos objetivos de negócio. A seguir, os elementos principais que garantem uma TI integrada, segura e voltada para resultados.
➡️ Alinhamento estratégico
A TI deve estar intrinsecamente ligada à estratégia empresarial. Ao compreender os objetivos de negócio, a área de TI pode identificar as tecnologias e soluções mais adequadas para impulsionar o crescimento e a competitividade da organização.
➡️ Governança e segurança
Uma governança de TI bem definida é essencial para garantir o uso eficiente e seguro dos recursos tecnológicos. Isso envolve a criação de políticas, processos e controles que assegurem a conformidade com as normas e regulamentações, além da proteção dos dados da empresa.
➡️ Arquitetura e infraestrutura
É preciso identificar os sistemas e a infraestrutura que darão suporte às operações, detalhando as atualizações e melhorias necessárias para atender às demandas, conforme a necessidade e o crescimento da estratégia.
➡️ Gestão de desempenho
A definição e o acompanhamento de indicadores de desempenho (KPIs) são essenciais para medir a eficácia das iniciativas de TI e garantir que os objetivos sejam alcançados. Métricas como Tempo Médio de Resolução (MTTR) e SLA podem ser úteis para essa avaliação.
➡️ Cultura e talentos
A cultura organizacional e o desenvolvimento dos talentos da área de TI são fatores cruciais para o sucesso do planejamento estratégico. Uma cultura de inovação e colaboração é fundamental para estimular a criatividade e a resolução de problemas. É preciso, já na etapa de planejamento, definir como a empresa prevê investir recursos nessa área.
Passo a passo para estruturar um plano estratégico de TI
Agora que você já sabe da importância e componentes essenciais de um planejamento de TI, chegou a hora de conhecer o passo a passo para criar um plano.
1. Análise do contexto
O primeiro passo envolve a avaliação detalhada do cenário atual da empresa, identificando fatores que influenciam direta ou indiretamente o desempenho tecnológico.
Realizar uma análise SWOT é uma abordagem eficaz para destacar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças internas e externas. Compreender o ambiente externo permite antecipar ameaças, como ciberataques ou flutuações econômicas, e identificar oportunidades, como avanços tecnológicos ou novas regulamentações.
2. Definição de objetivos
Após entender o contexto, é fundamental estabelecer metas claras para o setor de TI, que estejam também alinhadas com os objetivos do negócio. Por exemplo, se uma empresa de logística deseja automatizar processos para aumentar a eficiência e reduzir erros manuais, o PETI pode direcionar:
- Desenvolvimento de um software personalizado para gerenciar inventário, rastreamento de veículos e monitoramento de entregas em tempo real;
- Investimento em infraestrutura de TI para suportar a automação e o processamento de grandes volumes de dados;
- Capacitação da equipe em tecnologias de automação e análise de dados para otimizar rotas e prever demandas; e assim sucessivamente.
Dessa forma, o PETI atua como uma bússola estratégica, guiando ações tecnológicas para sustentar os objetivos maiores da organização e impulsionar a eficiência e competitividade no mercado.
Para isso, o método SMART é uma maneira eficaz de guiar o processo, garantindo que os objetivos sejam específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazos definidos. A partir dessa definição, é possível criar indicadores-chave de desempenho (KPIs) para monitorar e medir o sucesso da área de TI ao longo do tempo.
3. Listagem de projetos e ações
Aqui, as metas se transformam em ações concretas. A lista de projetos estratégicos pode incluir inovações tecnológicas, reforço da segurança cibernética e melhorias na infraestrutura.
Esses projetos devem ser detalhados em ações específicas, como a implementação de autenticação em duas etapas para segurança ou o desenvolvimento de novos produtos digitais para impulsionar o faturamento, por exemplo.
4. Definição e alocação de recursos
A alocação de recursos deve considerar orçamento, equipe e infraestrutura necessários para cada projeto. Essa etapa pode envolver desde a contratação de consultorias especializadas até a designação de equipes internas, o que garante o uso otimizado dos recursos financeiros e humanos para a execução dos projetos estratégicos.
5. Desenvolvimento de um cronograma realista
Um cronograma com períodos curtos, como sprints, permite monitorar o progresso com frequência e fazer ajustes conforme necessário. Esse método ágil é essencial para acompanhar a rápida evolução tecnológica e responder prontamente a mudanças no ambiente corporativo. Algumas orientações incluem:
- Estabelecer uma linha do tempo: defina um prazo para cada meta, considerando a complexidade do projeto e os fatores internos e externos;
- Dividir em fases: quebrar o projeto em etapas menores permite acompanhar o progresso e facilita a transição para fases subsequentes;
- Montar a equipe: identifique as competências necessárias e monte equipes capacitadas para executar as tarefas.
Como o planejamento estratégico de TI é dinâmico, o plano de ação deve ser revisado e ajustado continuamente para atender aos resultados pretendidos.
6. Implementação e Monitoramento
A implementação deve seguir um plano detalhado, monitorado por KPIs que refletem o andamento dos projetos. Informar regularmente os stakeholders sobre o progresso facilita o alinhamento e permite ajustes rápidos diante de novas necessidades ou desafios.
Esse planejamento estratégico oferece uma rota clara para a TI, preparada para impulsionar a empresa em direção ao crescimento e à inovação em um cenário tecnológico dinâmico.
Aqui estão os KPIs mais relevantes para acompanhar o desempenho da TI de forma estratégica:
- Service level agreement (SLA): mede a porcentagem de chamados atendidos dentro do prazo, garantindo que os serviços de TI atendam às expectativas de tempo e qualidade;
- Tempo médio de atendimento (TMA): indica a agilidade da equipe de TI ao resolver problemas, ajudando a manter a operação eficiente;
- First call resolution (FCR): avalia a capacidade de resolver problemas na primeira interação, um indicador importante de eficácia e satisfação do usuário;
- Índice de disponibilidade do sistema: reflete o tempo que os sistemas críticos estão operacionais, essencial para a continuidade e a confiabilidade dos serviços;
- Tempo médio entre falhas: indica a frequência de falhas, possibilitando ações preventivas para melhorar a estabilidade do ambiente de TI;
- Retorno sobre o Investimento (ROI): avalia o retorno financeiro dos investimentos em TI, verificando se as iniciativas estão gerando valor para a empresa.
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Desafios e perguntas a considerar antes de criar o PETI
Antes de iniciar o planejamento estratégico de TI, é essencial considerar alguns desafios. O primeiro deles é garantir o alinhamento com o negócio. Em especial em grandes organizações com múltiplas unidades de negócio, assegurar que a estratégia de TI apoie os objetivos corporativos pode ser complexo.
Outro desafio é a resistência à mudança. A implementação de novas tecnologias e processos costuma encontrar barreiras culturais e resistência dos colaboradores (quando não, da própria liderança), o que exige um planejamento cuidadoso, com comunicação transparente e treinamento adequado para facilitar a transição ou investimento.
A definição do orçamento também se mostra desafiadora. Ajustar o orçamento de TI conforme as prioridades da empresa requer uma alocação estratégica de recursos para garantir que cada projeto receba os fundos necessários sem comprometer outras áreas importantes.
Por fim, a escassez de talentos qualificados na área de TI é um desafio constante. A falta de profissionais capacitados pode limitar a capacidade da empresa de implementar e gerenciar projetos complexos, aumentando a importância de estratégias de atração e retenção de talentos.
É preciso considerar todos esses fatores ao criar um planejamento estratégico, e assim prever quais as possíveis soluções para eventuais entraves.
Além disso, há perguntas a serem consideradas:
- Qual é a visão de futuro da empresa e como a TI pode apoiar essa trajetória?
- Quais são as principais necessidades dos clientes e como a TI pode agregar valor?
- Quais tecnologias emergentes podem beneficiar a empresa?
- Quais riscos críticos à TI precisam ser mitigados?
- Quais KPIs mensurarão o sucesso da estratégia de TI?
- Quais recursos (orçamento, pessoal, infraestrutura) são essenciais?
- Como a segurança da informação será assegurada?
- Como TI pode fomentar uma cultura de inovação?
Responder a essas perguntas e refletir sobre os desafios permite construir um planejamento de TI eficaz e alinhado ao futuro da empresa.
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