Neste artigo iremos abordar a Transformação Digital no Varejo Moda:
- Direct-to-consumer (D2C)
- O uso da Inteligência de Dados junto às soluções digitais
- Transformação digital na cadeia produtiva
- Transformação digital e o relacionamento com o consumidor
- Tecnologias emergentes no varejo moda
A transformação digital é um gatilho para o setor de varejo moda e isso inclui a performance das companhias, pois quando as empresas são mais produtivas geram um menor impacto no ambiente. O que pode equivaler a 48% menos do tempo que um item leva para passar por toda a robusta cadeia da indústria da moda.
- A indústria fashion fatura em torno de 1,5 trilhão de Euros no mundo todo, emprega mais de 60 milhões de pessoas e é uma das mais importantes do mundo.
- No Brasil, o setor faturou 156,3 bilhões de reais em 2018, emprega mais de 1,479 milhão de pessoas diretas e 8 milhões indiretas.
Diante da oportunidade do setor, vem o desafio da empresa crescer sem perder os gaps da inovação.
O investimento em aplicações digitais é uma das ferramentas para a sustentabilidade da Moda, reduzindo o custos da cadeia produtiva e aproximando clientes e marcas.
Na atualidade, as marcas jovens que nasceram sobre o conceito digitally native vertical brands apostam na moda como serviço – e não como produto. São marcas nativas digitais, que adotam recursos de tecnologia com grande agilidade.
O varejo do futuro será focado em experiências que tornarão o consumo uma consequência fluida e consciente.
Direct-to-consumer (D2C):
É um conceito no qual não há interlocutores nos processos que vão da produção até a compra. O modelo direct to consumer (direto ao consumidor), adotado por algumas empresas do varejo de moda, agrega muito mais agilidade para os clientes finais.
Antes uma marca D2C precisava investir milhões de reais em formatos tradicionais de comunicação (televisão, rádio e revistas). Com o acesso a internet, o relacionamento com o cliente final ficou muito mais fácil.
Grandes plataformas digitais chamam a atenção do consumidor. Nos dias de hoje, elas são o ponto inicial para busca de produtos. O interessante é que o site das marcas representa apenas 1% dessa movimentação: 55% buscam na Amazon, 28% no Google e outros 16% em outros grandes varejistas.
A transformação digital não se trata apenas de mudanças feitas pela tecnologia. Esta última, é sim parte essencial do processo, mas a causa mãe são as pessoas e as prioridades por elas apontadas.
No entanto, realizar adaptações nos modelos de negócios é um desafio para o varejo de moda. Hoje o consumidor quer provar uma roupa sem sair de casa, comprar e trocar seu produto sem morosidade ou burocracias.
Em conclusão, oferecer uma experiência de compra encantadora, de forma dinâmica e ágil é essencial para atender o perfil de cliente que deixou de ser passivo.
Postura corporativa no varejo moda
Escalando digitalmente: o uso da Inteligência de Dados junto às soluções digitais
Os processos de coleta, análise de dados, pesquisa e criação de produtos podem ser fortemente apoiados por tecnologia ofertada pelos parceiros corretos. Adotar esse comportamento é algo altamente relevante para ter um posicionamento inovador no mercado da moda.
As novas empresas atuantes no varejo moda possuem dinamismo e crescimento acelerado. Essas são consequências da adoção de processos lean e conceitos de agilidade em suas operações.
Em outras palavras, são empresas que estão unindo criatividade e transformação digital para constantemente testar novas possibilidades. Por sua vez, tais testes culminam em que inovações podem refletir em toda a sua cadeia produtiva.
Problemas de eficiência em gestão refletem na experiência de compra dos clientes. Por consequência, grandes varejistas de moda passaram a contar cada dia mais com terceiros especialistas em seus segmentos, principalmente em tecnologia.
Sendo assim, criar canais que gerem informações e mais do que isso, analisar todas elas, pode gerar insights sobre os mais diversos aspectos para os times de marketing e vendas.
Estratégias para conduzir a Transformação Digital
Contar com o conhecimento específico de parceiros tecnológicos permitem manter os times internos das companhias focados em seu core-business. O que influi na assertividade das ações e na agilidade dos prazos internamente conhecidos.
Outro meio de dinamizar as ações é através de aplicativos mobile. Disponibilizar aplicativos para o cliente final (nativos, por exemplo) permite que cientistas de dados das marcas cruzem informações. E assim, munam todos os times da empresa com questões relevantes sobre o consumo em tempo real.
Além disso, as comunicações personalizadas para cada cliente têm ganho espaço. São interações que consideram suas preferências individuais, obtidas pelo histórico de navegação, de compras anteriores entre outras informações.
Outros recursos que vêm sendo muito utilizados são os algoritmos e as técnicas de Machine Learning. Tais ferramentas, nos permitem compreender o impacto que as imagens causam, assim como a organização de produtos nas lojas influenciam a preferência de compra de consumidores.
Dados são fundamentais para o sucesso de crescimento de uma grande varejista de moda.
Entregar aos gestores da marca um controle total sobre informações de consumo em tempo real é uma grande vantagem. Com isso, é possível decidir sobre a necessidade de incrementar o estoque de determinadas peças ou deixar de produzi-las, por exemplo, em função da vazão dos produtos nas lojas.
Não obstante, outro relevante recurso proporcionado pela Inteligência de Dados são as avaliações feitas por clientes. Estes são insights muito valiosos os quais podem ser usados em coleções presentes e futuras.
Transformação Digital na cadeia produtiva
A transformação digital no varejo moda também incrementa os processos na cadeia produtiva. Processo de modelagem 3D permitem reduzir drasticamente o número de protótipos necessários para as coleções, evitando o desperdício.
Já na produção, existem tecnologias que personalizam o produto via ”scanners corporais”, engajando o consumidor e aumentando a taxa de conversão.
Outra tecnologia com potencial imensurável é a Inteligência Artificial. Esta nos permite acessar, processar e analisar volumes astronômicos de dados, seguida de recomendações personalizadas. Recomendações estas semelhantes aos resultados personalizados das buscas no Google, ou as recomendações de filmes e música do Netflix e Spotify.
Transformação Digital no varejo moda e o relacionamento com o consumidor
Prosumers:
A jornada de compra vem tomando novas formas. O cliente não é apenas um simples consumidor, ele é também a vitrine do negócio. Gradativamente, a promoção de marcas por meio da propaganda passiva vem ganhando relevância em redes sociais.
A palavra prosumer é um neologismo das palavras producer + consumer (produtor e consumidor), e significa alguém que tem a capacidade de produzir conteúdo ao mesmo tempo em que o consome.
Os prosumers atuam, significativamente, como influenciadores de consumo e seu posicionamento baseia-se além das práticas mercadológicas, pois também levam em consideração os valores morais da marca.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), nove em cada dez consumidores brasileiros pesquisam na internet antes de comprar.
Devido ao empoderamento digital, os consumidores buscam avaliações e opiniões em redes sociais e os influenciadores passaram a ter um relevante papel nas estratégias de marketing das grandes marcas.
Sendo assim, o novo comportamento do consumidor desafia as empresas, progressivamente, a proporcionarem uma experiência positiva, tornando a jornada de compra mais satisfatória do início até o pós-venda.
Guides Shops:
Ir até a sua loja favorita, experimentar os modelos que mais gosta e recebê-los em casa é o modelo que está revolucionando o jeito de comprar e consumir moda no Brasil. Os Guides Shops são modelos de compra onde a experiência vai muito além das araras dominando o espaço. Nelas, o objetivo é gerar conhecimento da marca e criar uma vivência fluida de compra.
Deste modo, provar as peças, conhecer tecidos, e ver de perto os detalhes (como acabamento, costura e caimentos) passou a ser mais valorizado. Nos Guides Shops, também conta-se com a ajuda dos consultores estilistas das marcas que utilizam desse modelo de operação para proporcionar uma experiência única e completa.
Outro fator facilitador é a inexistência de caixas nas lojas, permitindo que clientes possam finalizar suas compras nos tablets ou computadores disponíveis. Além da possibilidade de agendar a entrega das peças para a casa.
Não obstante, a jornada de compra do consumidor também é impactada pelos apps das marcas. Neles é possível finalizar uma compra que teve início na loja física (em diversos lugares) e receber o produto em casa.
Da mesma forma, também são facilitados outros procedimentos digitais — como comprar pela internet e pegar o pedido na loja comum mais próxima (com frete grátis), devolver e trocar peças. O foco é oferecer mais praticidade aos clientes.
Tecnologias emergentes do varejo moda:
As grandes empresas estão se movimentando quanto as tecnologias emergentes: pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a cada 10 companhias, 7 já utilizam tecnologias digitais — sendo que 73% atuam na denominada Indústria 4.0 mesmo que em um estágio inicial. Em 2016, esse número era de apenas 63%.
A transformação digital é um excelente veículo para dinamizar os processos das empresas de varejo moda, proporcionando:
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Insights mais assertivos com identificação precisa de necessidades e preferências de consumidores.
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Agilidade na cadeia produtiva, reduzindo o tempo entre a fábrica e a “arara”.
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Novos modelos de negócio.
Ademais, apps com pesquisas analisam parâmetros (forma, tamanho e cor) para localizar produtos específicos, notificar o interessado e informar mais detalhes sobre os locais de compra.
Além disso, a Realidade Aumentada (RA) e a Realidade Virtual (RV) são outros tipos de recursos para criar experiências imersivas. Com elas, permite-se que o consumidor “vista” as roupas e acessórios antes de comprá-los.
Atualmente, já é possível mensurar em tempo real o atendimento ao cliente e as vendas de uma loja física. Inteligências que identificam gênero, idade e reação facial do consumidor (com o produto e com o atendimento) não são tão comuns, mas possíveis e aplicáveis.
Também é plausível, através das novas tecnologias, registrar a movimentação no interior da loja e acumular conhecimento inteligente sobre produtos mais visados pelo consumidor; produtos que pegou em mãos, mas não comprou e reações na interação com o vendedor.
Beacons
Os beacons são dispositivos de proximidade que transmitem informações diretamente para um app. Para as lojas é vantajoso para criar campanhas, entregar conteúdo e informações em tempo real para o cliente. Além das diversas possibilidades, o beacon é bastante acessível e não precisa de internet, pois funciona via bluetooth do celular.
Gôndola infinita
Com a gôndula infinita o cliente tem uma experiência em ambiente virtual dentro da loja, podendo comprar até mesmo produtos que estão no centro de distribuição. Além disso, ele pode agendar a entrega na sua residência ou conforme achar mais cômodo.
Apps de lojas
Desenvolver um app para vender online é a aposta do momento da rede varejista. Grandes nomes desse mercado já lançaram os seus. Não somente para venda, mas também com diversas funcionalidades para facilitar a vida do cliente e garantir maior frequência de uso do aplicativo.
Realidade aumentada
Essa tecnologia permite que usando um aplicativo para smartphone o cliente faça interações com objetos virtuais que não estão no ambiente real. Para o varejo o objetivo é proporcionar uma experiência de compra diferenciada. Assim, torna-se possível que o cliente interaja com a vitrine, provador virtual e até mesmo com a loja sem estar dentro dela.
RFID
Trata-se de uma tecnologia de identificação por radiofrequência que auxilia diretamente no controle dos itens que entram e saem do estoque. Deste modo, é possível identificar de uma só vez diversos produtos a uma distância maior. As etiquetas de RFID são uma alternativa aos clássicos códigos de barras.
As possibilidades para uso do digital são infinitas. Obter um meio para adentrar nesse ambiente é também a fórmula para garantir a sobrevivência da empresa. Do contrário, mais que rapidamente, a empresa perderá a chance de oferecer produtos e serviços que encante o cliente.
Parcerias estratégicas para Transformação Digital no Varejo Moda:
Cada vez mais grandes varejistas de moda contam com terceiros especialistas em seus segmentos, principalmente para Transformação Digital.
Por isso trabalhamos com equipes exclusivas e dedicadas à incorporar verdadeiramente as necessidades do usuário e os objetivos do negócio para criar produtos digitais de impacto.
Empresas como Calvin Klein, John John e Le Lis Blanc optaram por uma parceria estratégica que os permitem focar por ações mais assertivas e manter seus times internos concentrados no core-business.
Carolina Strobel, Diretora de Inovação da Restoque (empresa detentora de grandes marcas como Le Lis Blanc, Dudalina, John John, Base) ressalta a importância dessa parceria:
Buscávamos no mercado empresas que nos ajudassem a transformar nossa realidade. Não queríamos uma relação contratual, mas sim uma relação de confiança e de valores não financeiros. A grata surpresa foi, ao final do projeto, olhar para trás saber que escolhemos as pessoas certas. Isso eu não tenho a menor dúvida e acredito que ninguém do time tenha. Eles não só estavam sempre disponíveis como também estavam com uma vibe positiva.
Frederico Silveira, Diretor de Tecnologia da Calvin Klein, destaca o impacto do processo de imersão realizado pela UDS:
Somos parceiros com um objetivo em comum de fazer a coisa funcionar. Essa forma de conceber produtos é ágil e direta. Vamos entregar um produto enxuto e muito funcional. A expectativa foi ultrapassada e muito. Aconteceu uma revolução, algo que nunca rolou dentro da empresa que é essa sinergia. Foi produzido muita coisa e o material entregue é muito rico. E hoje todo mundo se sente seguro para entregar o produto para os “C-levels”. Quando você mostra o protótipo e o cara sorri, não precisa falar mais nada. O feedback está dado.
Na Era Digital, a questão não é mais “Quando?”, e sim “Como?” sua empresa se transformará digitalmente.
Produção: Clarice Bertuzzo, Daniele Sitko, Marina Couto e Paulo Cheles.