Quando se trata de Planejamento de Recursos Empresariais, notamos que a supply chain ideal foi construída no modelo just-in-time, compreendendo blocos supereficientes e conectados que fornecem o que as empresas precisam, e exatamente quando precisam, para concluir a próxima etapa do processo de fabricação. Esse modelo está esgotado, surgindo outro padrão que já está definindo a Supply Chain sustentável do futuro..
Esse modelo funciona bem em um mundo globalizado, onde há poucos atritos – como barreiras comerciais, impedindo a livre circulação de mercadorias. Mas ele não foi construído para resistir a uma pandemia global e às limitações comerciais resultantes que estamos descobrindo a muito custo.
A Covid-19 quebrou este modelo. As prioridades da supply chain mudaram de eficiência para resiliência. A reengenharia das cadeias de suprimentos resilientes requer uma abordagem de baixo para cima, que também oferece uma oportunidade de integrar a sustentabilidade ao processo.
A noção de “reconstruir melhor” está encorajando as empresas a repensar seus modelos e operar com foco em propósitos. Nesse sentido, a visão limitada aos lucros está se ampliando para incluir o meio ambiente, a comunidade e o bem-estar dos funcionários. Práticas ambientais, sociais e de governança (Environmental, Social and Governance – ESG) não são mais apenas uma expressão da moda, mas sim os pilares sobre os quais um modelo de negócios deve se apoiar.
Dentro dessa estrutura, as empresas químicas enfrentam fortes ventos contrários para mudar suas operações. A necessidade de mudança não é impulsionada apenas por demandas crescentes de consumidores e reguladores, mas também por riscos crescentes de litígios. A mudança deve ser factual, baseada em evidências e orientada por dados – ainda assim, grandes partes da cadeia de suprimentos e valor permanecem analógicas ou dependem do e-mail, o nível mais baixo de digitalização.
A Covid-19 acelerou a Transformação Digital conforme os dados reforçam a sua posição como o “novo petróleo”. Para transformar os dados de uma empresa em um ativo de negócios, é necessário acreditar, confiar e compartilhar. Isso requer um repensar de como as empresas reúnem, armazenam, usam e compartilham os dados. Ou seja, a jornada começa internamente.
Usando blockchain para cadeias de abastecimento
Ao usar blockchain, as empresas podem oferecer transparência e rastreabilidade na supply chain de uma forma como nenhuma outra tecnologia digital jamais conseguiu. A tecnologia blockchain permite às marcas de ponta o acesso direto e fácil a informações precisas e verificadas sobre as propriedades gerais dos seus produtos, para que também possam checar as credenciais de sustentabilidade de suas próprias cadeias de suprimentos. Essas propriedades incluem documentações, como listas de materiais, listas de substâncias e a procedência das matérias-primas.
Para que as marcas cheguem a uma economia circular, é preciso um compromisso global com as práticas sustentáveis e que estas sejam implementadas e monitoradas em cadeias de abastecimento inteiras.
Sem transparência, esses padrões correm o risco de se tornar meros chavões. A blockchain pode conter a resposta: os dados coletados na rede são armazenados automaticamente em um banco de dados que é atualizado constantemente, fornecendo um registro confiável e imutável de todos os participantes da cadeia de blocos. Isso resulta em uma representação visual e digital de toda a supply chain, o que não apenas facilita a rastreabilidade e a garantia do produto, mas também ajuda as empresas de logística a acelerarem a sua Transformação Digital e obterem mais valor e confiança em todo o ecossistema.
Os critérios de rastreabilidade e transparência sustentam as bases para conquistar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e estabelecer estratégias ESG mais amplas. As conformidades de sucesso em termos de sustentabilidade devem ser respaldadas por um registro indiscutível que autentique essas reivindicações.
Em direção a um mundo regulatório
À medida que avançamos para um mundo onde os reguladores e, mais importante, os consumidores estão exigindo comprovação de conformidade, não é mais suficiente apenas estabelecer metas de ESG. Os clientes vão julgar se os modelos de negócios são sustentáveis no longo prazo; portanto, certamente não é do interesse das empresas ficar abaixo de suas expectativas.
Mais de US$ 1 trilhão em ativos financeiros seguem atualmente os parâmetros das práticas de ESG. Todas as empresas precisam de acesso ao capital e, à medida que esse pool cresce, não deve demorar muito para que o paradigma ESG se torne uma linha hierárquica nos demonstrativos financeiros.
Assim, o uso de blockchain como verificador das métricas de ESG acabará por levar a um modelo corporativo mais justo, mais resiliente e robusto para o futuro e para as empresas pioneiras, dando-lhes mais vantagem competitiva.
(Esse conteúdo é de autoria de Juan Miguel Pérez Rosas, CEO da Finboot DLT & Blockchain, e foi traduzido e adaptado pela UDS do original “Creating sustainable supply chains of the future”).